segunda-feira, 16 de abril de 2007

O MUNDO DO AVATAR, CIBORGUE E IMERSÃO

AVATAR
No Hinduísmo, um avatar é uma manifestação corporal de um ser imortal, por vezes até do Ser Supremo. Deriva do sânscrito Avatāra, que significa "descida", normalmente denotando uma (religião) encarnações de Vishnu (tais como Krishna), que muitos hinduístas reverenciam como Deus. Muitos não-hindus, por extensão, usam o termo para denotar as encarnações de Deus em outras religiões, como Buda ou Jesus Cristo.

Você cria em seu computador um personagem virtual, um bonequinho colorido - seu avatar. Ele é capaz de andar por um universo cheio de outros avatares. Conversa com eles, compra e vende produtos, namora, passeia e até voa. Parece brincadeira, mas não é. As maiores universidades e empresas do mundo estão se debruçando sobre o mundo dos universos virtuais - cujo maior representante é o Second Life - por acreditar que eles representam o futuro da internet. Além de um endereço de correio eletrônico, é possível que todos nós no futuro tenhamos avatares. "O Second Life vive um momento comparável ao do lançamento do navegador de internet no início dos anos 90", diz o repórter Eduardo Vieira, o Edu, também autor do livro Os Bastidores da Internet no Brasil. "Logo, logo, a coisa vai explodir."
É dele, em parceria com o repórter Marcelo Zorzanelli, a reportagem sobre o Second Life desta edição. Para mergulhar no assunto, ambos criaram seus próprios avatares. O de Edu se chama Eduardo Writer e é um novato no mundo virtual. Marcelo Zefirelli - avatar de Zorzanelli - já viveu aventuras épicas: saltou de pára-quedas da Torre Eiffel, correu de Ferrari, conheceu uma moça chamada Cicciolina e... se você quer saber o desdobramento da história, leia a reportagem que começa na página 84. Ou então crie seu próprio avatar e visite Zefirelli no apartamento que ele alugou no Second Life, onde pretende receber os avatares dos leitores nesta semana.
HELIO GUROVITZ, Diretor de Redação

CIBORGUE
É o conjunto de chips próteses ou órgãos artificiais que podem transformar o homem num ser marcado pelo pela tecnologia. É o acoplamento entre o homen e a máquina, que segue para um destino radical da humanidade.

O acoplamento entre homem e máquina, que se encontra na essência da definição do ciborgue, surge em nossa imaginação como um destino radical da humanidade futura. Novas próteses, extensões e implantes serão desenvolvidas no sentido de tornar cada vez mais nebulosos os limites que separam o natural do artificial. Em algumas extrapolações mais radicais, o futuro poderá mesmo prescindir inteiramente da raça humana, já que as máquinas e robôs terminariam por suceder o homo sapiens na escala evolutiva – uma idéia elaborada em AI, inteligência artificial, filme recente de Steven Spielberg. O ser humano cederia, então, lugar a suas criações, capazes de destronar o criador e tomar o rumo de seu próprio destino.

IMERSÃO
Cada vez mais os jogos de computador se popularizam pela sua possibilidade de permitir que os jogadores usem seus games como plataformas de imersão em mundos idealizados.

Poucos elementos da indústria de entretenimento são tão discutidos como os jogos para computador. Enquanto no cinema e na televisão o telespectador tem uma postura passiva em relação à mídia, os games trazem o jogador "para dentro" da história. Cada vez mais os jogos assumem características realistas de simulação - ou mesmo de criação - de fatos e lugares. Jogos como "Grand Theft Auto", "Splinter Cell" e "Medal of Honor: Allied Assault" impressionam pelo realismo dos seus gráficos e pela forma como trabalham as ações dos protagonistas. "Grand Theft Auto", em especial, é um dos mais criticados por especialistas, por colocar o jogador na pele de um presidiário que foge da cadeia e começa a cometer uma série de crimes deliberadamente. Nos últimos anos, porém, um estilo de jogo se popularizou rapidamente entre os chamados "gamers hardcore" (aqueles que jogam exaustivamente). Os RPG (Role Playing Game) são jogos que reproduzem determinados mundos, onde centenas, ou mesmo milhares, de jogadores interagem. Além disso, dão liberdade para que o jogador possa agir livremente, desde que desempenhe o "papel" que escolheu. Essa construção de um mundo virtual idealizado reflete, de certa maneira, a idéia contida na trilogia Matrix. Embora sejam refugiados, que vivem escondidos do poder das máquinas, Neo, Trinity, Morpheus e os demais humanos retirados do mainframe assumem poderes sobre-humanos no mundo virtual. É essa possibilidade que atrai os usuários para os RPG. "Para os jogadores, o fator principal nestes games é poder integrar um mundo fora do nosso, onde podem ser mais do que conseguem na realidade", explica o professor do departamento de pós-graduação em Desenvolvimento de Jogos para Computadores da Unicenp (Centro Universitário Positivo), Fábio Vinícius Binder. "Nesta realidade virtual, ele pode ser o melhor guerreiro, o melhor mago, pode até ser o rei do lugar. De certa maneira, é algo como uma fuga da realidade". Binder acrescenta ainda que não acredita que o mercado de RPGs mantenha o ritmo de crescimento que vivenciou nos últimos dois anos. Segundo ele, isso deve acontecer porque apenas os gamers "hardcore" têm preocupação com o nível de realismo dos jogos, enquanto os jogadores casuais ainda se envolvem com o entretenimento eletrônico apenas pela diversão que ele proporciona. "O jogador hardcore busca uma experiência de imersão. Ele quer se sentir dentro do jogo, dentro daquele universo. Para os demais, vale a diversão momentânea", opina.

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